Ora, cá vai a minha carta de motivação que me pediram para escrever como parte da minha candidatura ao mestrado! Em vez de a dirigir a "ninguém" decidi pesquisar e enderecei-a à directora do curso (esperta, hã?!).
Estive uma tarde inteira para a escrever. Escrevi uma que enviei ao pai que mandou de volta a dizer que estava demasiado "by-the-book" e que eu tinha de puxar mais pelas razões que me fazem gostar disto! Nessa noite tinha um jantar... A meia hora do jantar, comecei a escrever sem parar e saiu isto! Acho que mais verdadeiro não podia ser e à falta de média boa e de curriculo, penso que é esta a razão de estar onde estou!
"Caríssima Professora Maria Berta Silva.
Eu, Mª Teresa Teles Branco, escrevo-lhe esta carta para que me considere a candidatura ao Mestrado de Oncologia Molecular no ICBAS.
Concluí recentemente a minha licenciatura em Biologia com especialização no ramo de Biologia Genética e Molecular pela Faculdade de Ciências da UL e queria continuar o meu percurso académico no ICBAS.
Desde sempre tive um interesse especial em perceber o funcionamento dos sistemas biológicos, como se relacionam uns com os outros e com o ambiente, e porque são diferentes entre si. Ao fim de quatro anos de curso nesta área, o meu objectivo já não é tanto o de perceber como os sistemas funcionam, mas como melhorá-los. A área da Engenharia Genética despertou em mim uma vontade de “trabalhar” o genoma (principalmente o genoma Humano). Trabalhá-lo no sentido de o melhorar, aumentando a longevidade, a qualidade de vida das pessoas; tornando-o resistente ou menos sensível a determinados factores ambientais, comportamentais e hereditários.
Sendo o cancro uma doença com um impacto tão grande nos tempos que vivemos e sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde “o principal problema de saúde pública que enfrentaremos neste século”, é minha opinião que não há área de investigação tão dinâmica, tão vasta e tão importante para a sociedade como a Oncologia Molecular. Além de ser uma àrea com tamanho impacto, é também multidisciplinar abrangendo matérias desde a Imunologia à Genética, passando pelo Desenvolvimento e Evolução. Para mais, há ainda autores que especulam que determinados tipos de cancro podem ser tentativas de formação de novos órgãos tal como diz o Professor Doutor Fernando Oliveira Torres no livro “Biologia Celular e Molecular” (“Biologia Celular e Molecular”, Carlos Azevedo, capítulo 30, 3ª edição, 1999). Neste caso estamos a atrasar a evolução o que torna esta área ainda mais fascinante.
É minha ambição fazer parte de um grupo de investigadores oncológicos; estudar um, ou vários tipos de cancro; saber as suas causas os tratamentos adequados; saber se são hereditários ou não; e criar maneiras de o evitar, seja por melhoramento genético do paciente seja por melhoramento das técnicas de tratamento. Para tal, preciso de aprofundar os meus conhecimentos nesta área e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar é o local ideal para o fazer, não só pelo programa curricular que apresenta, como também pelo reconhecimento que tem no seio da comunidade científica.
É neste sentido que submeto a minha candidatura ao Mestrado de Oncologia Molecular, a leccionar no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, na expectativa de que a mesma seja considerada e aceite.
Mª Teresa Teles Branco"