
"Conheço-te
há pouco menos de dois anos e já vivemos tanto. Parece que nos
conhecemos desde crianças. Tens sido um amigo como eu nunca tive, e
o tempo não tem sido obstáculo. Conto-te tudo, mesmo tudo e sei que
também me contas a mim; passamos horas ao telefone e nem reparo no
tempo que passou, só penso naquilo que ainda vem. Não és um
hábito, és um vício, um amigo a sério. Penso nas gargalhadas que
damos por piadas parvas e sem sentido nenhum; penso nos conselhos que
me dás, no apoio e, claro, nas tuas críticas. Tudo o que vem de ti
é, para mim, como uma luz para um comboio que acaba de entrar num
túnel. Guias-me nas minhas decisões. É claro que com tanto que já
passamos já tivemos as nossas discussões. Lembras-te daquela vez em
que eu não te largava por andares com aquela miúda chatíssima lá
da escola?! Ficaste quase sem me falar, mas não conseguiste. No dia
a seguir, assim que cheguei à escola, vieste a correr ter comigo a
contar que te chateaste com a tua mãe e que ficaste sem telemóvel e
sem sair de casa durante duas semanas. Foram as duas semanas mais
aborrecidas que tive desde que te conheci. Não me ligavas, não
conversávamos durante muito tempo e na escola não dava para nos
mantermos a par das novidades e das inspirações um do outro para
inventar anedotas parvas.
Foi
ao fim dessas duas semanas que, numa tarde me ligaste. Não foi um
telefonema como os outros. Apenas me pediste para sair a rua e para
irmos dar uma volta até ao café. Nesse dia, o saldo do telemóvel
não baixou pois conversámos tudo naquele cafezinho de esquina. Não
faltou assunto durante as duas horas que lá estivemos. Não reparei
na música, nas pessoas ou no ambiente que lá estava… só reparei
que nos estávamos a divertir imenso tal como nos costumávamos
divertir.
A
minha mãe ligou-me e só quando me disse que estava na hora de ir
para casa é que eu me dei conta do tempo que passou.
Lá
fora chovia. Abriste o teu guarda-chuva e com o braço passando por
cima dos meus ombros protegeste-me… e assim fomos, até minha casa,
debaixo do teu guarda-chuva que, tal como tu, me serviu de abrigo aos
obstáculos do meu dia-a-dia."
Teresa
Teles Branco
Dezembro
2006
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